O que são as emoções? Qual
o seu objectivo? Como conviver com elas de forma saudável?
Podemos ver uma relação
entre o nosso estado emocional e o estado do tempo. Quando está sol, são dias
positivos, que nos fazem querer sair de casa, conviver com os outros,
partilhar, nos divertir. É exactamente o que acontece quando estamos num estado
emocional mais positivo. Sentimo-nos alegres, confiantes, ligamo-nos aos
outros, saimos da nossa concha.
Mas quando estão dias
carregados com nuvens e chuvosos, são dias mais negativos, pesados, apetece-nos
ficar em casa, recolhidos, sentimo-nos mais carentes emocionalmente. O mesmo
acontece quando estamos mais negativos. É como se as nuvens emocionais nos
desconectassem do nosso sol interno e perdessemos a nossa ligação com os
outros, connosco próprios, porque nos distanciámos de nós próprios. A nossa
confiança esmorece e é necessário o recolhimento para voltarmos mais a nós
mesmos, para nos alimentarmos emocionalmente. Voltar à nossa casa interna, aconchegarmo-nos
ao nosso Eu, para ouvir o nosso coração.
Cada emoção informa-nos
onde está a nossa atenção, para onde vai o nosso foco. Se estamos alegres,
estamos a apreciar o momento, o agora, satisfeitos com a vida que temos. Se
estivermos nostálgicos, estamos focados no passado e a dar atenção ao que já
foi, ao que já não está presente. Podemos sentir isso como uma perda de um
momento importante. A paixão é quando nos
sentimos motivados, quando algo nos desperta, nos dá vida, nos excita, nos dá
foco e direcção. A depressão é quando há perda de paixão, entusiasmo, foco e
direcção. Surge num acumular de emoções que não foram libertadas e conscientizadas.
A pessoa não tem objectivos de vida, foco e fica paralizada, sente-se à deriva. A ansiedade vem do
desejar que o sonho se materialize rapidamente, do não aceitar a lentidão e o
processo natural das coisas, do querer viver o amanhã no momento presente. O
medo vem do sentirmos insegurança e falta de confiança em certas situações ou
em nós próprios, de não termos a capacidade de ultrapassar certas situações. Surge
quando nos sentimos ameaçados e em perigo, podendo este ser real ou não. Estamos
a pisar em terreno desconhecido, sem conseguir definir a situação. Surge da
necessidade de seguir com cautela. A inveja é quando estamos focados no outro e
não em nós próprios, quando nos comparamos com outros, os sobrevalorizando, não
reconhecendo o nosso valor. A mágoa é quando acumulamos dor e sofrimento em
relação a alguém ou a uma situação. Surge quando não conseguimos ver o amor
presente numa determinada situação ou comportamento de alguém para connosco, quando
uma pessoa não se comportou de acordo com as nossas expectativas dela. Gratidão
é quando apreciamos e valorizamos aquilo que recebemos, reconhecemos a sua
importância.
A seguir está um exemplo de
como a vida actua sobre nós através das nossas emoções quando quer que mudemos de
direcção ou de atitude.
A raiva é a primeira
reacção instintiva que temos quando surge um impedimento na direcção em que
vamos e é despoletada porque algo não está a acontecer como queremos. Aquilo
que está a acontecer não está de acordo com a nossa vontade e temos dificuldade
em aceitar isso. Surge do querermos controlar as situações e de acharmos que a
nossa vontade é que está certa. É quando acontece algo que nos trava e a
energia que usamos para agir numa direcção fica bloqueada e precisa ser
libertada para se dar a paragem. A frustração acontece no seguimento da raiva,
com o objectivo de fazer esta perder a sua força. Surge de tentativas falhadas
quando não aceitamos a travagem, quando há resistência, e tentamos
repetidamente ir na mesma direcção. A tristeza surge antes da aceitação. Indica que a situação está
fora do nosso controlo. Que não conseguimos ter controlo sobre o rumo dos
eventos. Sente-se perda, derrota em relação a uma situação. Não encontramos uma
solução. Surge quando o objectivo a que nos propomos não se realiza e deixamos de criar resistência para com a mudança. A aceitação é quando fazemos paz interior com uma determinada situação
e aceitamos mudar de rumo, mudar de comportamento. Rendemo-nos a uma vontade maior.
Todas estas emoções que
surgem são baseadas em pensamentos, crenças, etc, que temos da vida. Quando
negativas, elas mostram-nos que uma perspectiva não está alinhada connosco, com
o nosso Eu, com o nosso coração. E isso impede-nos de fluir com a vida. Faz-nos
criar resistências.
A carência emocional existe
quando estamos desequilibrados emocionalmente, quando há falta de emoções
positivas que nos fazem sentir bem connosco. Quando isto acontece temos
tendência para ir buscar nos outros este alimento emocional e exigimos mais do
que aquilo que eles podem nos dar. Cria dependência dos outros, como se
fossemos uma criança que ainda depende da mãe, não sabemos nos alimentar
sozinhos.
Ganhar maturidade emocional
é aprender a nos alimentarmos emocionalmente sozinhos, responsabilizando-nos
pelas nossas necessidades emocionais. Para isso é preciso percebermos que
emoção nos faz falta naquele momento e encontrar uma forma de a sentirmos.
Dependendo do tipo de emoção que nos está a fazer falta, da qual carecemos,
iremos descobrir uma forma de nos preenchermos com essa emoção, dedicando-nos a
algo, seja trabalho, actividade, etc, que nos traga isso. E para cada um de nós
essa emoção é alimentada de forma diferente. Se nos sentirmos deprimidos,
precisamos de descobrir a nossa paixão na vida, olhando para os temas que nos
apaixonam, que nos despertam interesse. Para alguns pode ser conviver com
animais, adoptando um ou fazendo voluntariado em associações que ajudam
animais. Para outros pode ser fazerem uma actividade física, estar na natureza,
ou ainda, criar o seu próprio negócio.
Se nos sentimos tristes,
precisamos de descobrir actividades que nos deixem alegres, que nos façam rir,
tais como ver uma comédia, brincar com crianças, fazer uma “silly dance” (dançar
de forma pateta), fazer algo que desperte o nosso lado mais espontâneo,
brincalhão e infantil.
Saber gerir emoções é uma aprendizagem.
O segredo não é evitá-las quando são emoções negativas pois é necessário
vivenciá-las também. O segredo é enfrentá-las e actuar sobre elas logo que elas
surgem, ganhar consciência do que elas estão a querer nos dizer, perceber que
pensamentos as alimentam e transformá-los.
As emoções podem ser as
nossas maiores inimigas quando se excedem pois assim perdemos qualquer controlo
sobre elas e estas passam a dominar a nossa vida, escravizando-nos. Dessa
forma, perdemos o nosso poder pessoal. O importante é ir à origem e perceber os
pensamentos que desencadeiam essas emoções.
Mas também podem ser as nossas maiores amigas porque vão nos mostrando a cada momento se estamos a ser verdadeiros connosco próprios, se estamos a ter pensamentos positivos ou não, que nos fortalecem ou enfraquecem, se estamos a ter poder pessoal ou não.
Mas também podem ser as nossas maiores amigas porque vão nos mostrando a cada momento se estamos a ser verdadeiros connosco próprios, se estamos a ter pensamentos positivos ou não, que nos fortalecem ou enfraquecem, se estamos a ter poder pessoal ou não.
Ao ganhar responsabilidade
sobre as nossas emoções e saber nos alimentar a nível emocional correctamente
ganhamos maior qualidade de vida, um maior bem-estar connosco próprios e
desenvolvemos uma melhor relação com os outros, mais equilibrada.
Sandra Duarte
Emotions: Friends or Enemies?
What are emotions? What’s
their purpose? How to live
with them in a healthy way?
We can see a connection between our emotional state and the state of the
weather. When it’s sunny, days are positive, that make us want to leave the
house, socialize with others, share, have fun. That’s exactly what happens when
we’re in a more positive emotional state. We feel happy, confident, we connect
ourselves to others, we step out of our shell.
But when days are loaded with clouds and rainy, days are more negative, heavy,
we feel like staying home, withdrawn, we feel more emotionally needy. The same
happens when we’re more negative. It’s as if emotional clouds disconnected us from
our inner sun and we lost touch with others, with ourselves, because we have
distanced from ourselves. Our confidence fades and we need to withdrawn to come
back to ourselves, to nourish ourselves emotionally. Coming back to our
internal home, snuggling ourselves against our Self, to listen to our heart.
Each emotion informs us where is our attention, where does our focus go.
If we’re happy, we are enjoying the moment, the now, satisfied with the life we
have. If we’re nostalgic, we’re focused on the past and paying attention to
what’s gone, to what’s no longer present. We may feel that as a loss of an
important moment. Passion is when we feel motivated, when something awakens us,
gives us life, excites us, gives us focus and direction. Depression is when
there’s loss of passion, enthusiasm, focus and direction. It arises when
there’s a buildup of emotions that were not released and made aware. The person
doesn’t have goals in life and stays paralyzed, it feels drifting. Anxiety comes from wishing for
the dream to come true as soon as possible, from not accepting slowness and the
natural process of things, from the desire to live the tomorrow in the present
moment. Fear comes from feeling insecure and lack of confidence in certain
situations or in ourselves, that we don’t have the ability to overcome certain
situations. It arises when we’re feeling threatened and in danger, which may be
real or not. We’re stepping into unfamiliar ground, unable to define the
situation. It comes from the need of moving with caution. Envy is when we’re focused in the other and not in ourselves, when we compare
ourselves to others overestimating them, not recognizing our value. Hurt is
when we accumulate pain and grief related to someone or to a situation. It
occurs when we can’t see the love present in a given situation or in someone’s
behaviour towards us, when a person didn’t behave according to our expectations
of it. Gratitude is when we appreciate and value what we receive, we recognize
its importance.
Next there’s an example of how life acts upon us through our emotions
whenever it wants us to change direction or attitude.
Anger is the first instinctive reaction we have when an obstacle arises
in the direction we’re headed and it’s triggered because something isn’t
happening the way we want. What’s happening is not according to our will and we
have difficulty in accepting that. It comes from the need to control situations
and from thinking that our will is what’s right. It’s when something happens
that halts us and the energy we use to act in one direction becomes blocked and
needs to be released so the stopping may occur. Frustration happens following
anger, in order to make this one lose its strength. It arises from failed
attempts when we don’t accept the halt, when there’s resistance, and we
repeatedly try to move in the same direction. Sadness comes before acceptance. It indicates
that the situation is out of our control. That we can’t have control over the
course of events. We feel loss, defeat regarding a situation. We can’t find a solution. It occurs when the goal we set ourselves isn’t accomplished and we stop creating resistance towards change. Acceptance is when we make inner peace with a certain situation and we accept
to change course, change behaviour. We surrender ourselves to a higher will.
All these emotions that arise are based in thoughts, beliefs, etc, we
have of life. When negative, they show us that a perspective isn’t aligned with
us, with our Self, with our heart. And that keeps us from flowing with life.
Makes us create resistances.
Emotional neediness exists when we’re emotionally unbalanced, when
there’s lack of positive emotions that make us feel good about ourselves. When
this happens we tend to seek on others this emotional nourishment and we demand
more than what they can give us. It creates dependency on others as if we were
a child that is still depending on its mother, we don’t know how to nourish
ourselves.
To gain emotional maturity is to learn to nourish ourselves emotionally
on our own, taking responsibility for our emotional needs. For that we need to
realize what emotion is lacking at that moment and find a way to feel it. Depending
on the type of emotion that is lacking us, that we’re in need, we will figure
out a way of filling ourselves with that emotion, dedicating ourselves to
something, be it work, activity, etc, which brings us that. And for each one of
us that emotion is nourished differently. If we’re feeling depressed, we need
to discover our passion in life, looking at the issues we’re passionate about,
that awakens our interest. For some it may be to get along with animals,
adopting one or doing volunteer work in associations that help animals. For
others it may be doing a physical activity, being in nature, or even creating their
own business.
If we’re feeling sad, we need to discover activities that make us happy,
that make us laugh, such as watching a comedy, playing with children, making a
“silly dance” (dancing in a goofy way), making something that awakens our
spontaneous, playful and childish side.
Knowing how to manage emotions is a learning process. The secret is not
avoiding them when they’re negative emotions for we need to experience them
too. The secret is to face them and act on them as soon as they arise, gaining
consciousness of what they’re trying to tell us, realizing what thoughts
nourish them and shift these.
Emotions can be our biggest enemies when they exceed because then we
lose any control over them and these end up dominating our life, enslaving us.
That way, we lose our personal power. The important thing is to go to the
source and realize the thoughts that trigger those emotions.
But they can also be our greatest friends because they will show us at each moment if we’re being true to ourselves, centered, if we’re having positive thoughts or not, that strengthen us or weaken us, if we’re having personal power or not.
But they can also be our greatest friends because they will show us at each moment if we’re being true to ourselves, centered, if we’re having positive thoughts or not, that strengthen us or weaken us, if we’re having personal power or not.
By gaining responsibility over our emotions and knowing to nourish
ourselves emotionally properly we gain a better quality of life, a greater
well-being with ourselves and we develop a better relationship with others, a more
balanced one.
Sandra Duarte
Sem comentários:
Enviar um comentário