Ouvir
a vida e aceitar a sua vontade. É preciso criar uma ligação de confiança com
ela. Ouvi-la através da nossa alma, do nosso coração. Seguir o seu ritmo mesmo
quando não o compreendemos. Mesmo quando não visualizamos um caminho definido.
Ela vai nos mostrando a cada momento o caminho, sem o revelar na totalidade. E,
por vezes, nada faz sentido. De um dia para o outro tudo pode mudar, cair, e
não entendemos isto. Mas tudo segue o plano que a vida tem para nós. Pessoas
saem da nossa vida inesperadamente e pessoas entram da mesma forma. Cada
acontecimento é no momento certo. Nada acontece por acaso pois a ordem divina é
exacta. A vida tem o seu próprio relógio. O nosso relógio interno é que nem
sempre está sincronizado com o da vida. E por isso, às vezes, é necessário
esperar ou andar mais depressa, para acompanhá-la. Andar devagar nem sempre
significa que estamos atrasados, pois por vezes, é andando mais devagar que
ganhamos mais tempo, que vemos mais oportunidades. Quando vivemos de forma
acelerada também não indica que estamos na hora certa, pois o que acontece é
que deixamos de apreciar o que é importante na vida. Muita coisa é desperdiçada
quando andamos acelerados. Porque o que preenche o coração é o apreciar cada
momento. Fazendo pausas, silenciando-nos. Só assim podemos alimentar a nossa
alma. Fazer sorrir o nosso coração.
Algo
que sai da nossa vida cria espaço para que algo novo entre, com uma nova
energia, regeneradora. Por vezes, parece que tudo cai, mas a verdade é que cai
tudo no lugar certo, encaixando-se na posição certa. Se não passássemos por
dificuldades numa certa área de vida, não saberiamos apreciar tanto tudo o que
vem a seguir. A vida coloca a peça certa no lugar certo para desencadear o movimento
que ela pretende que façamos, para adoptarmos outra posição na vida. A vida
leva-nos aonde ela quer que estejamos. Como se nos empurrasse para o caminho que ela pretende que
sigamos. O caminho do coração.
As
dificuldades da nossa vida apontam-nos a direcção a seguir. Isso obriga-nos a
crescer e a expandir a nossa consciência para ultrapassá-las. E é assim que
evoluimos.
Se observarmos a nossa vida ao pormenor, conseguimos perceber
um fio condutor, que nos leva de uma lição a outra. Nós só podemos apreciar certas pessoas na nossa vida
depois de termos passado por outras, que nos magoaram ou desiludiram. São peças
importantes que nos obrigam a mudar de rumo, a adoptar uma nova atitude.
Desprogramam-nos de uma crença, valor, pensamento, hábito, rotina, etc, que não
estava alinhada com o coração.
É
necessário mudar a visão de vida de que quando seguimos um caminho, ele tem de
estar definido, tem de ser uma linha recta. O que para muitos é andar sem rumo,
vaguear, numa visão mais elevada, é ir caminhando, entregando-se à vida,
fluindo, passando pelas experiências necessárias de forma a enriquecermo-nos a
um outro nível. É dançar com a vida. O divertido de dançar é fluir com o outro,
e passar pela diversidade de posições, passos. A vida torna-se mais interessante
e divertida se tiver uma diversidade de cores, de cheiros, de sons, de formas,
de experiências, de paisagens, etc.
E
não saber o que vem a seguir pode ser uma das melhores sensações que podemos
ter pois foca-nos no viver o momento presente, no agora, e faz-nos ficar
abertos e receptivos ao novo. Sermos inesperadamente surpreendidos pelos vários
presentes que a vida nos dá como quando eramos crianças, quando tudo nos
maravilhava. Esta sensação de maravilha alimenta a nossa alma e faz-nos abrir
os braços à vida. Abrir o nosso coração.
Quando
conseguimos ver tudo isto de forma desapegada, começamos a compreender a
sabedoria da vida e a confiar nela. Ela faz-nos passar por caminhos turbulentos
e escuros, para chegarmos onde temos que estar, num caminho mais iluminado. Nós
só reconhecemos as estrelas porque elas brilham apenas quando tudo está escuro.
Aprender
a dançar com a vida e a deixarmo-nos levar por ela, sem pensar muito, sem criar
resistência, sem querer controlar, é um verdadeiro milagre. Quando alcançamos
esse estado, dá-se uma grande mudança interna. É um acto de rendição a uma
vontade superior à nossa. A um Poder Maior. Que nos ama acima de tudo. E
lembrarmo-nos em todos os momentos desse amor é a forma de nos mantermos
ligados a ele. Uma Força que nos protege. Um Pai ou Mãe que nos dá a mão e nos
conduz, numa dança perfeita, para o coração, para o caminho do Amor.
Sandra Duarte
The Perfect Dance
Listening to life and accepting its will.
It’s necessary to create a bond of trust with it. Listening to it through our
soul, our heart. Following its rhythm even when we don’t understand it. Even
when we can’t envision a precise path. It will show us the way at every moment,
without revealing it completely. And sometimes, nothing makes sense. From one day
to another, everything can change, fall, and we don’t understand this. But all
follows the plan life has for us. People come out of our lives unexpectedly and
people come in the same way. Each event is at the right moment. Nothing happens
by chance for the divine order is exact. Life has its own clock. Our internal
clock isn’t always synchronized with life’s clock. And so, sometimes, we need
to wait or move faster, to keep up with it. Moving slowly doesn’t always mean that
we’re late, for sometimes, it’s going slowly that we gain more time, that we
see more opportunities. When we live in an accelerated way doesn’t mean that
we’re in the right time, for what happens is that we fail to appreciate what is
important in life. A lot is wasted when we are accelerated. Because what fills
the heart is to appreciate every moment. Pausing, silencing ourselves. Only
then can we nourish our soul. Making our heart smile.
Something that comes out of our life creates
space for something new to enter, with a new energy, regenerating. Sometimes,
it seems like everything falls, but the truth is that everything falls in
place, fitting into the right position. If we didn’t pass through difficulties
in a certain area of life, we wouldn’t know how to appreciate that much all that
comes next. Life puts the right piece in the right place to trigger the
movement it wants us to do, to adopt another position in life. Life takes us
where it wants us to be. As if it pushed us to the path it wants us to follow.
The path of the heart.
The difficultes in our life show us the
direction to follow. That forces us to grow and expand our consciousness to
overcome them. That’s how we evolve.
If we observe our life in detail, we can
perceive a guiding line that takes us from one lesson to another. We can only
appreciate certain people in our life after passing through others that hurt us
and disappointed us. They’re important pieces that force us to change course,
to adopt a new attitude. Deprogram ourselves from a belief, value, thought,
habit, routine, etc, that wasn’t aligned with the heart.
It’s necessary to change the vision of
life that when we follow a path, it must be defined, it must be a straight
line. What for many is to walk aimlessly, wandering, in a higher vision, is to
walk, surrendering to life, flowing, passing through the necessary experiences
in order to enrich ourselves at another level. It’s dancing with life. The
funniest about dancing is flowing with the other and going through all the
various positions, steps. Life becomes more interesting and funny if it has a
variety of colors, smells, sounds, shapes, experiences, landscapes, etc.
And not knowing what comes next may be one
of the best feelings that we could ever have because it focuses us on living in
the present moment, the now, and makes us stay open and receptive to the new.
Being unexpectadly surprised by the various presents life gives us as when we
were children, when all amazed us. This sense of wonder nourishes our soul and
makes us open our arms to life. Opens our heart.
When we can see all this in a detached
way, we begin to understand life’s wisdom and to trust it. It makes us go
through turbulent and dark paths, so we can get where we need to be, in a more
enlightened path. We can only recognize the stars because they shine only when
everything is dark.
Learning to dance with life and letting
ourselves be carried by it, without thinking, without creating resistance,
without wanting to control, is a true miracle. When we reach that state, takes
place a great internal change. It’s an act of surrendering to a higher will to
ours. To a Higher Power. Who loves us above
everything. And remembering in every moment of that love is the way to keep us
connected to it. A Force that protects us. A Father or Mother who gives us the
hand and leads us, in a perfect dance, to the heart, to the path of Love.
Sandra Duarte
Sem comentários:
Enviar um comentário