sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

A Dança Perfeita



Dançar com a vida é das maiores aprendizagens que poderemos fazer. Fluir com a vida. Senti-la e deixarmo-nos conduzir por ela. É como quando dançamos com alguém. É preciso deixar que o parceiro de dança nos conduza. Confiar nele. Confiar na vida. E estar em sintonia com ele. Estar em sintonia com a vida. Escutar com o coração a sua vontade. “Agora vais para a direita. Agora para a esquerda. Agora pára. Mais lento. Mais rápido. Dá uma volta. Muda de perspectiva. É preciso desistir. Esse não é o caminho certo. Confia em mim. Entrega-te. Agora deixa-te cair. Eu te apanho. Agora pára e escuta. Espera. Ainda não é altura. Podes seguir em frente. Chegou a hora."

Ouvir a vida e aceitar a sua vontade. É preciso criar uma ligação de confiança com ela. Ouvi-la através da nossa alma, do nosso coração. Seguir o seu ritmo mesmo quando não o compreendemos. Mesmo quando não visualizamos um caminho definido. Ela vai nos mostrando a cada momento o caminho, sem o revelar na totalidade. E, por vezes, nada faz sentido. De um dia para o outro tudo pode mudar, cair, e não entendemos isto. Mas tudo segue o plano que a vida tem para nós. Pessoas saem da nossa vida inesperadamente e pessoas entram da mesma forma. Cada acontecimento é no momento certo. Nada acontece por acaso pois a ordem divina é exacta. A vida tem o seu próprio relógio. O nosso relógio interno é que nem sempre está sincronizado com o da vida. E por isso, às vezes, é necessário esperar ou andar mais depressa, para acompanhá-la. Andar devagar nem sempre significa que estamos atrasados, pois por vezes, é andando mais devagar que ganhamos mais tempo, que vemos mais oportunidades. Quando vivemos de forma acelerada também não indica que estamos na hora certa, pois o que acontece é que deixamos de apreciar o que é importante na vida. Muita coisa é desperdiçada quando andamos acelerados. Porque o que preenche o coração é o apreciar cada momento. Fazendo pausas, silenciando-nos. Só assim podemos alimentar a nossa alma. Fazer sorrir o nosso coração.

Algo que sai da nossa vida cria espaço para que algo novo entre, com uma nova energia, regeneradora. Por vezes, parece que tudo cai, mas a verdade é que cai tudo no lugar certo, encaixando-se na posição certa. Se não passássemos por dificuldades numa certa área de vida, não saberiamos apreciar tanto tudo o que vem a seguir. A vida coloca a peça certa no lugar certo para desencadear o movimento que ela pretende que façamos, para adoptarmos outra posição na vida. A vida leva-nos aonde ela quer que estejamos. Como se nos empurrasse para o caminho que ela pretende que sigamos. O caminho do coração.

As dificuldades da nossa vida apontam-nos a direcção a seguir. Isso obriga-nos a crescer e a expandir a nossa consciência para ultrapassá-las. E é assim que evoluimos.
Se observarmos a nossa vida ao pormenor, conseguimos perceber um fio condutor, que nos leva de uma lição a outra. Nós só podemos apreciar certas pessoas na nossa vida depois de termos passado por outras, que nos magoaram ou desiludiram. São peças importantes que nos obrigam a mudar de rumo, a adoptar uma nova atitude. Desprogramam-nos de uma crença, valor, pensamento, hábito, rotina, etc, que não estava alinhada com o coração.

É necessário mudar a visão de vida de que quando seguimos um caminho, ele tem de estar definido, tem de ser uma linha recta. O que para muitos é andar sem rumo, vaguear, numa visão mais elevada, é ir caminhando, entregando-se à vida, fluindo, passando pelas experiências necessárias de forma a enriquecermo-nos a um outro nível. É dançar com a vida. O divertido de dançar é fluir com o outro, e passar pela diversidade de posições, passos. A vida torna-se mais interessante e divertida se tiver uma diversidade de cores, de cheiros, de sons, de formas, de experiências, de paisagens, etc.

E não saber o que vem a seguir pode ser uma das melhores sensações que podemos ter pois foca-nos no viver o momento presente, no agora, e faz-nos ficar abertos e receptivos ao novo. Sermos inesperadamente surpreendidos pelos vários presentes que a vida nos dá como quando eramos crianças, quando tudo nos maravilhava. Esta sensação de maravilha alimenta a nossa alma e faz-nos abrir os braços à vida. Abrir o nosso coração.

Quando conseguimos ver tudo isto de forma desapegada, começamos a compreender a sabedoria da vida e a confiar nela. Ela faz-nos passar por caminhos turbulentos e escuros, para chegarmos onde temos que estar, num caminho mais iluminado. Nós só reconhecemos as estrelas porque elas brilham apenas quando tudo está escuro.

Aprender a dançar com a vida e a deixarmo-nos levar por ela, sem pensar muito, sem criar resistência, sem querer controlar, é um verdadeiro milagre. Quando alcançamos esse estado, dá-se uma grande mudança interna. É um acto de rendição a uma vontade superior à nossa. A um Poder Maior. Que nos ama acima de tudo. E lembrarmo-nos em todos os momentos desse amor é a forma de nos mantermos ligados a ele. Uma Força que nos protege. Um Pai ou Mãe que nos dá a mão e nos conduz, numa dança perfeita, para o coração, para o caminho do Amor.

Sandra Duarte






The Perfect Dance


Dancing with life is the greatest learning we could do. Flowing with life. Sense it and let ourselves be led by it. It’s like when we dance with someone. We need to let the dance partner do the leading. Trust him. Trust in life. And being in tune with him. Being in tune with life. Listening with the heart to its will. “Now go to the right. Now left. Now stop. Slower. Faster. Do a turn. Change perspective. You need to quit. That’s not the right path. Trust me. Surrender yourself. Now let yourself fall. I’ll catch you. Now stop and listen. Wait. It’s not time yet. You can move forward. It’s time.”

Listening to life and accepting its will. It’s necessary to create a bond of trust with it. Listening to it through our soul, our heart. Following its rhythm even when we don’t understand it. Even when we can’t envision a precise path. It will show us the way at every moment, without revealing it completely. And sometimes, nothing makes sense. From one day to another, everything can change, fall, and we don’t understand this. But all follows the plan life has for us. People come out of our lives unexpectedly and people come in the same way. Each event is at the right moment. Nothing happens by chance for the divine order is exact. Life has its own clock. Our internal clock isn’t always synchronized with life’s clock. And so, sometimes, we need to wait or move faster, to keep up with it. Moving slowly doesn’t always mean that we’re late, for sometimes, it’s going slowly that we gain more time, that we see more opportunities. When we live in an accelerated way doesn’t mean that we’re in the right time, for what happens is that we fail to appreciate what is important in life. A lot is wasted when we are accelerated. Because what fills the heart is to appreciate every moment. Pausing, silencing ourselves. Only then can we nourish our soul. Making our heart smile.

Something that comes out of our life creates space for something new to enter, with a new energy, regenerating. Sometimes, it seems like everything falls, but the truth is that everything falls in place, fitting into the right position. If we didn’t pass through difficulties in a certain area of life, we wouldn’t know how to appreciate that much all that comes next. Life puts the right piece in the right place to trigger the movement it wants us to do, to adopt another position in life. Life takes us where it wants us to be. As if it pushed us to the path it wants us to follow. The path of the heart.

The difficultes in our life show us the direction to follow. That forces us to grow and expand our consciousness to overcome them. That’s how we evolve.
If we observe our life in detail, we can perceive a guiding line that takes us from one lesson to another. We can only appreciate certain people in our life after passing through others that hurt us and disappointed us. They’re important pieces that force us to change course, to adopt a new attitude. Deprogram ourselves from a belief, value, thought, habit, routine, etc, that wasn’t aligned with the heart.

It’s necessary to change the vision of life that when we follow a path, it must be defined, it must be a straight line. What for many is to walk aimlessly, wandering, in a higher vision, is to walk, surrendering to life, flowing, passing through the necessary experiences in order to enrich ourselves at another level. It’s dancing with life. The funniest about dancing is flowing with the other and going through all the various positions, steps. Life becomes more interesting and funny if it has a variety of colors, smells, sounds, shapes, experiences, landscapes, etc.

And not knowing what comes next may be one of the best feelings that we could ever have because it focuses us on living in the present moment, the now, and makes us stay open and receptive to the new. Being unexpectadly surprised by the various presents life gives us as when we were children, when all amazed us. This sense of wonder nourishes our soul and makes us open our arms to life. Opens our heart.

When we can see all this in a detached way, we begin to understand life’s wisdom and to trust it. It makes us go through turbulent and dark paths, so we can get where we need to be, in a more enlightened path. We can only recognize the stars because they shine only when everything is dark.

Learning to dance with life and letting ourselves be carried by it, without thinking, without creating resistance, without wanting to control, is a true miracle. When we reach that state, takes place a great internal change. It’s an act of surrendering to a higher will to ours. To a Higher Power. Who loves us above everything. And remembering in every moment of that love is the way to keep us connected to it. A Force that protects us. A Father or Mother who gives us the hand and leads us, in a perfect dance, to the heart, to the path of Love.


Sandra Duarte





Sem comentários:

Enviar um comentário