Qual a importância que
damos às coisas? E porque é isto importante?
Nos relacionamentos
amorosos, e outros, surgem muitos problemas quando o valor que dão às coisas é
diferente. Aquilo que é dado com tanto amor por um pode ser recebido pelo outro
como algo menos valioso ou não lhe dar importância nenhuma. Para que haja um
bom entendimento a este nível, é importante que as duas pessoas tenham valores
base semelhantes, isto é, que dêem a mesma importância às mesmas coisas que
servem de base numa relação. Quando isto não acontece é como se as duas pessoas
falassem línguas diferentes. Aquilo que uma pessoa valoriza, ao dar e ao
receber, isso tem uma grande importância. E o entendimento entre os dois seres
vai depender disso.
É claro que nem todos os valores
podem ser iguais, e por isso é essencial comunicar ao outro a importância que
se dá a algo, para que o outro entenda e respeite isso. Pois a forma como
expressamos o nosso amor vai depender daquilo que cada um de nós valoriza, dá
importância. Para uns pode ser através do toque, para outros pode ser através do
cuidar do outro, ou ainda através do ouvir o outro.
Quando sobrevalorizamos
algo, damos-lhe uma importância exagerada. Aos nossos olhos isso vai ter um
peso muito grande e vai estar acima de nós. Não o vemos tal como os outros o
vêem. É isso que faz com que sejamos atraídos para certas coisas, pessoas, etc.
Depende do valor que lhes damos. Se sobrevalorizarmos uma pessoa comunicadora,
admiramo-la e damos-lhe uma importância exagerada. Mas para uma pessoa que já é
comunicadora, provavelmente não vê isso com a mesma importância, não lhe dá o
mesmo valor. Porquê que isto acontece? Porque essa pessoa já o é naturalmente e
espontaneamente comunicadora. É um dom natural. Quando sobrevalorizamos uma característica
numa pessoa é porque nós ainda não a vemos em nós, ainda não a desenvolvemos. É
por isso que ela é tão importante para nós. Mas assim que a reconhecermos em
nós, ela perde a sua importância, deixa de ter o mesmo valor.
Quando gostamos de pessoas
muito diferentes de nós é porque desejamos inconscientemente ser como elas. Têm
características que nos atraiem, que desejamos ter em nós. Sobrevalorizamos
essas características. A verdade é que isso é uma forma de aprendermos a ser
como elas. É porque temos que desenvolver essas qualidades em nós. É por isso
que em certos relacionamentos amorosos duradouros, com o passar dos anos as
pessoas vão ficando mais parecidas uma com a outra. Atraíram-se porque
precisavam de aprender qualidades, etc, uma com a outra. E quanto mais
estiverem receptivos um ao outro para a partilha, para a troca, mais
semelhantes se tornam.
À medida que vamos
convivendo com a outra pessoa, vamos desenvolvendo essas qualidades, nos
harmonizando energeticamente com a outra pessoa, e as qualidades que antes sobrevalorizavamos
vão perdendo o valor que lhes davamos. Vão ficando neutras.
Pode acontecer que ao
sobrevalorizarmos uma certa característica numa pessoa, vemos esta
característica acima de todas as outras, incluindo as menos bonitas. Deixamos
de ver a pessoa no seu todo e reduzimo-la a essa característica. Acontecem
muitos enganos aqui pois ficamos presos a uma ilusão. Se não houvesse essa
sobrevalorização, seriamos capazes de ver todas as outras características menos
boas que nos passam despercebidas. É por isso que nos relacionamentos de
qualquer tipo é essencial ver o outro sem sobrevalorizar uma característica
descuidando de todas as outras pois isso atrairá grandes desilusões.
Quando estamos obcecados
com um certo assunto é porque estamos a dar-lhe uma importância exagerada.
Ficámos presos num padrão de pensamento, numa perspectiva limitada, da qual não
estamos a conseguir sair. É necessário ganhar um distanciamento da situação
para que possamos observar a partir de uma perspectiva mais ampla e superior. Retirarmos-lhe
a importância que lhe davamos e assim podemos entender, aceitar e sair dessa
obsessão.
Na nossa vida nem sempre
vivemos de forma equilibrada as diversas áreas. Há assuntos que são
sobrevalorizados, os quais podemos dar extrema importância, tais como a aparência,
o trabalho, o dinheiro, etc, e desligamo-nos de outras áreas, que deveriam ser igualmente
importantes, como é o caso do estarmos bem connosco próprios, do termos boas
relações com os outros, de amizade, etc, do apreciarmos a vida fazendo
actividades que nos dão prazer, e muitas outras. Aquilo a que damos mais
importância damos mais foco, alimentamos mais, exigimos mais dessa área,
definimo-nos por ela, esta ganha mais peso na nossa vida. E quando isso não
está bem, o mundo desaba, pois só nos focámos nessa área. Esquecemo-nos de
nutrir outras áreas que são essenciais para o nosso bem-estar e que podem ser
uma base para que as outras áreas funcionem bem. É necessário alimentarmos
todas as áreas da nossa vida, dar-lhes igual importância para que haja harmonia
e equilíbrio.
Aquilo que valorizamos
dá-nos a informação do caminho que viemos seguir, das escolhas que vamos fazer.
As qualidades que apreciamos nos outros são as que viemos desenvolver ou
reconhecer em nós. Se de entre várias profissões nós escolhemos uma é porque a
valorizamos, é porque essa profissão tem uma importância maior aos nossos
olhos. É, no entanto, essencial perceber se aquilo que valorizamos está de
acordo com a nossa verdadeira natureza e não algo que absorvemos de outra
pessoa que valorizávamos. Por vezes, pode acontecer valorizarmos alguém e
absorver para nós o que essa pessoa valoriza. Isso pode nem sempre estar de
acordo connosco. É preciso ir fazendo pausas em certos momentos da vida para
verificar isto, se os nossos valores estão alinhados com o nosso coração. Pode
acontecer nós adoptarmos um valor de alguém, que não está alinhado com o nosso
coração, e basearmos as nossas escolhas nesse valor. É quando escolhemos
caminhos onde há mais sofrimento. Onde estamos longe do nosso verdadeiro ser.
A humanidade passa por
muitos ciclos e podemos ver isso também na nossa vida. Numa certa altura,
quando desvalorizamos algo, logo a seguir, para haver compensação energética,
esse mesmo algo ganha um valor acrescentado. Isto acontece para vivermos os
extremos, conhecermos perspectivas opostas. Aos poucos vamos passando de um
extremo ao outro até que deixe de ser extremo, até que consigamos alcançar uma
perspectiva neutra. Num dia criticamos alguém, noutro dia somos criticados,
experimentamos os dois lados da balança até que deixemos de sentir a
necessidade de o fazer.
O importante perceber nisto
tudo é que para haver mais equilíbrio em tudo é necessário que os valores que
damos às coisas sejam mais igualados, isto é, encontrar um ponto de equilíbrio
na importância que lhes damos, uma perspectiva neutra. Nada deve ser
sobrevalorizado ou desvalorizado, pois, no final, tudo o que existe tem a mesma
importância, senão não existia.
Sandra Duarte
The Importance of
Things
What’s the importance we give to things? And why is this important?
In love relationships, and others, many problems arise when the value
they give to things is different. What is given with so much love by one may be
received by the other as something less valuable or with no importance. So
there can be a good understanding on this level, it’s important that both
people have similar basic values, this is, that they give the same importance
to the same things that serve as a base in a relationship. When this doesn’t
happen it’s as if both of them spoke different languages. What a person values,
when they give and receive, it has a great importance. And the understanding
between the two beings will depend on it.
Of course, not all values can be equal, and so it’s essential to
communicate with another the importance one gives to something, so that the
other may understand and respect that. Because the way we express our love will
depend on what each one of us values, what gives importance to. For some it may
be through touch, for others it may be by taking care of the other, or even by
listening to the other.
When we overvalue something, we give it an exaggerated importance. To
our eyes that will have a greater weight and it will be above us. We don’t see
it as the others do. That’s what makes us be attracted to certain things,
people, etc. It depends on the value we give it. If we overvalue a
communicator, we admire it and give it an exaggerated importance. But for a
person who’s already a communicator, probably doesn’t see that with the same
importance, it doesn’t give it the same value. Why does this happen? Because
that person already is naturally and spontaneously communicator. It’s a natural
gift. When we overvalue a feature in a person it’s because we don’t see it in
us yet, we haven’t developed it yet. That’s why it’s so important to us. But as
soon as we recognize it in us, it loses its importance, it no longer has the
same value.
When we like people very different from us it’s because we unconsciously
wish to be like them. They have characteristics which attract us that we wish
to have in us. We overvalue those characteristics. The truth is that this is a
way to learn to be like them. It’s because we have to develop those qualities
in us. That’s why in some lasting love relationships, over the years people
tend to become similar to each other. They were attracted to each other because
they needed to learn qualities, etc, with one another. And the more they’re
receptive to share to one another, the more similar they get.
As we live with another person, we develop those qualities, harmonizing
energetically with the other, and the features we once overvalued start losing the
value we gave them. They become neutral.
It may happen that when we overvalue a certain feature in a person, we
see this feature above all others, including the less beautiful ones. We fail
to see the person as a whole and we reduce it to that feature. Many mistakes
happen here because we stay stuck to an illusion. If there was no
overvaluation, we would be able to see all the other less good features that
are unnoticed. That’s why in relationships of any kind it’s essential to see
the other without overvaluing a feature neglecting all the others as this will
attract great disappointments.
When we’re obsessed with a particular subject it’s because we’re giving
it an exaggerated importance. We got stuck to a thinking pattern, a limited perspective,
from which we can’t get out. We need to gain distance from the situation so we
can observe from a broader and higher perspective. Removing from it the
importance we gave it and therefore we can understand, accept and leave that
obsession.
In our life we don’t always live in a balanced way the various areas. There
are overvalued matters which we can give extreme importance, such as
appearance, work, money, etc, and we disconnect ourselves from other areas that
should be equally important, such as being well with ourselves, having good
relationships with others, of friendship, etc, appreciating life doing
activities that give us pleasure, and many others.
What we give more importance to we put our focus in, nourishing it more,
demanding more from that area, defining ourselves by it, it gains more weight
in our life. And when that’s not alright, the world falls apart because we only
focused on that area. We forgot to nourish other areas that were essential for
our well-being and which may be a basis for other areas to work well. We need
to nourish all areas of our life, giving them equal importance so there may be
harmony and balance.
What we value gives us information of the path we came to follow, of the
choices we’re going to make. The qualities we appreciate on others are the ones
we came to develop or recognize in us. If from various professions we choose
one it’s because we value it, it’s because that profession has a greater
importance to our eyes. However it’s essential to realize if what we value is
according to our true nature, and not something we absorbed from another person
we valued. That may not be according to us. We need to pause in certain moments
of life to verify this, if our values are aligned with our heart. It may happen
we adopt a value from someone, which is not aligned with our heart, and base
our choices on that value. That’s when we choose paths where there’s more
suffering. Where we’re far from our true being.
Mankind undergoes through many cycles and we can also see that in our
life. At a certain time, when we devalue something, soon after, to compensate
energetically, that same thing gains an increased value. This happens so we
live extremes, to know opposite perspectives. Gradually we go from one extreme
to the other until it ceases to be extreme, until we reach a neutral
perspective. One day we criticize, in another day we are criticized, we
experience both sides of the scale until we stop feeling the need to do so.
The important thing to realize in all this is that to have balance in
all things it’s necessary for the values we give to things to be more equal,
this is, to find an equilibrium point in the importance we give them, a neutral
perspective. Nothing should be overvalued or undervalued, for, in the end, all
that exists has the same importance or it wouldn’t exist.
Sandra Duarte
Sem comentários:
Enviar um comentário